terça-feira, 15 de dezembro de 2015

está o caldo entornado...comadres VI



as comadres está claro! metidas na vida alheia...

comadre por favor não se ria, a coisa é séria vi com estes olhos que a terra há-de comer, aquela da língua de serpente venenosa tem de pagar, porque a outra pobre chorou, chorou que nem uma doida e não há nada neste mundo que valha as nossas lágrimas...já bem lhe bastava a ex-futura sogra ruim como as cobras, pobre rapariga pálida como uma defunta... o rapaz deu-lhe um beliscão no rosto, ora nada de mais e logo a coscuvilheira foi dizer que a viu cair nos braços dele e o noivo que se embriaga todos os dias, se eu fosse ela não o queria, mas estas moças têm medo de ficar para tias.
- o  raio da rapariga tem o diabo no corpo, ai comadre, talvez o queira pra ela, assim estraga-se só uma casa, não é má ideia não acha?
- pare de rir que a coisa está feia! se eu não tivesse você a quem iria contar uma coisa assim, sabe bem que eu sou pela coisas direitas, a minha boca só se abre para falar verdade, criei meia dúzia de gaiatos e nunca ninguém ouviu nada a meu respeito...porque respeito é coisa da nossa época, namorei à janela que era coisa ajuizada, casei e logo me arrependi a única coisa que o meu homem sabia fazer era encher-me a barriga e encher ele o estômago de vinho, e aguentei até agora, mas é isso comadre as de agora têm a cabeça cheia de tolices....olhe vou-me daqui, beber uma chícara de café, entretanto passo por lá e se houver novidades corro a vir contar-lhas, que eu já sei de antemão que o noivo agora já não lhe dá troco, coitada...olhe q'inda me lembro de andar com ela ao colo, sabe tive um fraquito pelo pai da cachopa, o Alfredo que Deus o tenha era um homem jeitoso herdara as boas maneiras do pai, a mãe dele é que estragou tudo, isto cá entre nós comadre, que o meu nem sonhe senão está o caldo entornado...as conversas são como as cerejas, já me vou inté mais logo.

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