sexta-feira, 20 de novembro de 2015

burburinho instalado...comadres V



as comadres pois claro!burburinho instalado...

Estou a ouvi-la, estou a ouvi-la!
Ai comadre há uma voz dentro de mim que me fala... a Providência divina e que me diz para que não fale do que não sei, mas o que lhe vou contar quase tenho a certeza: ora dizem que só a culpa a impede de dizer quem é o pai da criança e, agora todas as portas se lhe fecham, assim se vê obrigada a seguir pelos caminhos da vida, mas também há quem diga que o suposto pai, homem de muitos haveres se ofereceu para ficar com a criança mostrando-se bondoso e cheio de gentilezas, disfarçando qualquer coisa que o denunciasse, mas a mulher deste não achou graça que o marido tomasse esta decisão de querer dar à criança um tecto e uma família e barafustou na hora. O problema é que a desconfiança está instalada e já há falatórios sobre o excesso de amor ou  sobre a desavergonhice entre os dois prevaricadores.
- Conte, conte comadre, mas que história rocambolesca...a história está muito confusa e não tarda vai-se falar desta paixão e do desejo de vingança por parte da mulher e logo o diabo entra em cena e vai ser um burburinho danado...
- Ai comadre as moças parecem todas contaminadas, de quando em quando uma barriga a crescer, bem, nós temos que assumir uma postura séria, mas olhe que...se falássemos da nossa época, teríamos pano para mangas!...

natalia nuno

ponto de encontro...comadres IV



As comadres claro!Ponto de encontro

Conta a comadre uma nova versão da história: afinal o dinheiro tinha sido roubado e assim ela tinha ficado com as mãos manchadas! A polícia estava a ponderar lançar um alerta...ah pois, e correr atrás daquele que era seu principal cúmplice...que Deus me perdoe, mas já não se pode confiar em ninguém! Esta história, e até a data do ocorrido, ainda é um pouco incerta, estou a contá-la consoante a ouvi, pois parece «que a tal», era mesmo o diabo em pessoa, e a notícia está espalhada por toda a cidade, admira-me como as minhas amigas ainda não tenham tomado conhecimento, espalhou-se como fogo sobre rabo de palha... e então não era, que a enorme fortuna que  possuía já ía em milhares de euros roubados?! Ah...mas ao poeta da aldeia nada escapa, e com todas as cautelas faz umas estrofes cheias de emoção, manda-as espalhar em panfleto pelo bairro afim de imortalizar a donzela e o roubo que a deixou com a corda no pescoço...
Então o poeta aqui está tomado de vaidade a anunciar alto e bom som, que é ele, o portador desta notícia tremenda e ao seu jeito, traz uma nova versão dos factos...

natalia nuno

loucas, brincalhonas...comadres III



As comadres pois claro! Loucas

Felicíssimas da vida, a criancice abeira-se delas e fá-las passar um bom bocado onde em crianças de divertiam...e estas brincadeiras servem para lhes apagar do rosto muitas horas de cansaço ainda que fiquem com a cabeça meia azamboada...que belo quadro este! Dizem umas para as outras corando mais que nunca, e aos olhos assoma-se um prenuncio de felicidade, estes sonhos de meninas completam suas almas, parece nem haver passado o tempo pois esta vontade de brincar tempera o presente e o torna eterno. Imbuídas deste espírito jovem e entusiasta as comadres exclamam: tão cedo não vamos esquecer! Ás vezes nas suas fases mais emotivas desfazem-se em lágrimas, lágrimas de saudade, então lutam contra as emoções, contra as ideias e sentimentos caídos em desuso e enquanto olham o mundo à sua volta imaginam que o tempo regrediu...
natalia nuno

viúvas pacatas...comadres II



As comadres pois claro! Viúvas pacatas.

Ao redor da mesa solta-se a vida, solta-se o passado numa conversa amena, onde há sempre boas novas ou falas sobre o negro e árduo caminho sempre com os filhos pela mão e o olhar pregado no Altíssimo para que nada de mal lhes acontecesse, palavras de consolo e uma explosão de sentimentos, nestas conversas do chá das cinco...sempre aquele receio que o céu ponha à prova alguma delas, antes de serem por ele acolhidas, e, presente então algum queixume, porém uma ou outra ventura reservada se aninha nestes corações maternais,já foram donzelas bonitas, agora estão sempre ansiosas por dois dedos de conversa, e tudo lhes volta à memória, já contam com muitos anos de viuvez e perpassam-lhes pela mente muitas imagens dos queridos maridos e ainda imaginam uma série de fantasias, que lhes traz ao rosto um sorriso original como se a viuvez não fosse durar para sempre, todas as mágoas foram saradas, no peito as emoções adormecidas há anos, esposas fidelíssimas sentem uma vontade mórbida de continuar sendo e só ideias boas lhes acorrem
à cabeça.Nota-se nelas, senhoras de hábitos, dos mesmos sentimentos experimentados, aqueles que lhes urdiram o mesmo destino mantendo-as fiéis às suas recordações.
natalia nuno

encontro de rua casual...comadres I



Claro que são as comadres!encontro de rua casual

Sempre com tanto para contar, ele são os filhos, e depois os netos, e eram os maridos que já se foram Deus os tenha em bom lugar, estão perdoados, pois nem sempre foram lá grande coisa. E os vizinhos, que têm o cão a ladrar pela noite fora, e as filhas que chegam a más horas e ela a vizinha... estende-me aquela roupa muito encardida a desavergonhada, no nosso tempo como era possível uma coisa destas, e então da política que não entendemos nada e ainda assim temos que lá ir pôr o dedo, ai nem sei que lhe diga, está tudo pela hora da morte, e é uma «desenvergonhice» pegada. Até o padre veja bem, anda na boca das más línguas, bem ele também andava a pedi-las sempre metido com esta e aquela é no que dá, ai vizinha mas eu faço de conta que não sei de nada, surda e muda, sim que eu não sou de coscuvilhice, sabe que lhe conto, tenho um bocadito de inveja, mas olhe que também não fui fresca, fiz
bem o meu papel, mas sei lá, agora parece-me que ainda havia de ser melhor...olhe tem visto o ti Jaquim? O diabo do velho na é que ainda me deita
os olhos...o raio do home...
natalia nuno