terça-feira, 15 de dezembro de 2015

o banco das confissões...comadres VIII



As comadres está claro! e o banco das confissões

Em certas ocasiões dou-me por feliz da vida, por já não ter que cumprir horários. sento-me aqui no jardim deserto e fico a olhar as disputas das gaivotas que pensam que o peixe ali no aquário lhes vai servir de almoço...daqui, também avisto as velas brancas que chegam e partem e também o rasto dos vapores que vão assobiando deixando as águas doces para entrar no oceano e quanto a mim olhe comadre, deixo-me a pensar na eternidade... hoje regozijo-me por as encontrar, sempre podemos dar um pouco à língua e pôr a conversa em dia, porque quando estou só pouco mais tenho que sonhos...
nunca me senti muito infeliz com o meu defunto marido, nunca a doença nos afligiu, nem a discórdia nos apartou, mas chegam sempre os derradeiros momentos da nossa existência...
~pois é responde a comadre Maria, há meio século que também estou só... mirando-se no espelho onde ainda se julga uma sereia, apesar do rosto esbatido...sabe comadre às vezes ainda me assalta um medo infantil e só por isso gostava de ter um companheiro, ah...não ligue,  isto é apenas um devaneio...mas fale-me de si,
- Cá eu comadre tenho gosto de estar por aqui ao sol, e rio-me das conversas que por aqui vou ouvindo, não é que me interesse a vida dos outros, mas alguns gabam-se muito, e assim, passo o meu tempo, já que minha carcaça reumática não me deixa ir mais longe.

natália nuno

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